19 outubro 2010

Rev. Sandro Amadeu Cerveira - Concordo com o senhor.

Eu tambem estou prevendo  que em nao longo tempo o novo papa evangelico, o PapaFaia, descambe para um grande abismo, o que é tipico para aqueles que consideram-se ou queiram ser referencia no meio evangelico.


Recebi a carta abaixo como sendo de autoria do Rev. Sandro. Caso nao seja, vale a reflexao.


Rev. Sandro Amadeu Cerveira - pastor presbiteriano, doutor em
Ciências Políticas e professor da Universidade Federal de Alfenas

       Talvez eu tenha falhado como pastor nestas eleições. Digo isso
porque estou com a impressão de ter feito pouco para desconstruir ou
no pelo menos problematizar a onda de boataria e os posicionamentos
"ungidos" de alguns caciques evangélicos. [1]

       Talvez o mais grotesco tenham sido os emails e "vídeos" afirmando
que votar em Dilma e no PT seria o mesmo que apoiar uma conspiração
que mataria Dilma (por meios sobrenaturais) assim que fosse eleita e
logo a seguir implantaria no Brasil uma ditadura
comunista-luciferiana pelas mãos do filho de Michel Temer. Em outras
o próprio Temer seria o satanista mor. Confesso que não respondi
publicamente esse tipo de mensagem por acreditar que tamanho absurdo
seria rejeitada pelo bom senso de meus irmãos evangélicos. Para
além da "viagem" do conteúdo a absoluta falta de fontes e provas
para estas "notícias" deveria ter levado (acreditei) as pessoas de
boa fé a pelo menos desconfiar destas graves acusações infundadas.
[2]

       A candidata Marina Silva, uma evangélica da Assembléia de Deus,
até onde se sabe sem qualquer mancha em sua biografia, também não
saiu ilesa. Várias denominações evangélicas antes fervorosas
defensoras de um "candidato evangélico" a presidência da
república simplesmente ignoraram esta assembleiana de longa data.

       Como se não bastasse, Marina foi também acusada pelo pastor Silas
Malafaia de ser "dissimulada", "pior do que o ímpio" e defender,
(segundo ele), um plebiscito sobre o aborto. Surpreende como um líder
da inteligência de Malafaia declare seu apoio a Marina em um dia,
mude de voto três dias depois e à apenas 6 dias das eleições
desconheça as proposições de sua irmã na fé.

       De fato Marina Silva afirmou (desde cedo na campanha, diga-se de
passagem) que "casos de alta complexidade cultural, moral, social e
espiritual como esses, (aborto e maconha) deveriam ser debatidos pela
sociedade na forma de plebiscito" [3], mas de fato não disse que uma
vez eleita ela convocaria esse plebiscito.

O mais surpreendentemente, porém foi o absoluto silêncio quanto ao
candidato José Serra. O candidato tucano foi curiosamente poupado.
Somente a campanha adversária lembrou que foi ele, Serra a trazer o
aborto para dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) [4]. Enquanto
ministro da saúde o candidato do PSDB assinou em 1998 a norma
técnica do SUS ordenando regras para fazer abortos previstos em lei,
até o 5º mês de gravidez [5]. Fiquei intrigado que nenhum colega
pastor absolutamente contra o aborto tenha se dignado a me avisar
desta "barbaridade".

       Também foi de estranhar que nenhum pastor preocupado com a
legalização das drogas tenha disparado uma enxurrada de-mails
alertando os evangélicos de que o presidente de honra do PSDB, e
ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso defenda a
descriminalização da posse de maconha para o consumo pessoal [6].

       Por fim nem Malafaia, nem os boateiros de plantão tiveram interesse
em dar visibilidade a noticia veiculada pelo jornal a Folha de São
Paulo (Edição eletrônica de 21/06/10) nos alertando para o fato de
que "O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, afirmou nesta
segunda-feira ser a favor da união civil e da adoção de crianças
por casais homossexuais." [7]

       Depois de tudo isso é razoável desconfiar que o problema não
esteja realmente na posição que os candidatos tenham sobre o
aborto, união civil e adoção de crianças por homossexuais ou
ainda a descriminalização da maconha. Se o problema fosse realmente
o comprometimento dos candidatos e seus partidos com as questões
acima os líderes evangélicos que abominam estas propostas não
teriam alternativa.

       A única postura coerente seria então pregar o voto nulo, branco ou
ainda a ausência justificada. Se tivessem realmente a coragem que
aparentam em suas bravatas televisivas deveriam convocar um boicote
às eleições. Um gigantesco protesto a-partidário denunciando o
fato de que nenhum dos candidatos com chances de ser eleitos tenha
realmente se comprometido de forma clara e inequívoca com os valores
evangélicos. Fazer uma denuncia seletiva de quem esta comprometido
com a "iniqüidade" é, no mínimo, desonesto.

       Falar mal de candidato A e beneficiar B por tabela (sendo que B
está igualmente comprometido com os mesmo "problemas") é muito
fácil. Difícil é se arriscar num ato conseqüente de
desobediência civil como fez Luther King quando entendeu que as leis
de seu país eram iníquas.

       Termino dizendo que não deixarei de votar nestas eleições.

       Não o farei por ter alguma esperança de que o Estado brasileiro
transforme nossos costumes e percepções morais em lei
criminalizando o que consideramos pecado. Aliás tenho verdadeiro
pavor de abrir esse precedente.

       Não o farei porque acredite que a pessoa em quem votarei seja
católica, cristã ou evangélica e isso vá "abençoar" o Brasil.
Sei, como lembrou o apóstolo Paulo, que se agisse assim teria de
sair do mundo.

       Votarei consciente de que os temas aqui mencionados (união civil de
pessoas do mesmo sexo, descriminalização do aborto,
descriminalização de algumas drogas entre outras polêmicas) não
serão resolvidos pelo presidente ou presidenta da república. Como
qualquer pessoa informada sobre o tema, sei que assuntos assim devem
ser discutidos pela sociedade civil, pelo legislativo e eventualmente
pelo judiciário (como foi o caso da lei de biossegurança) [8] com
serenidade e racionalidade.

       Votarei na pessoa que acredito representa o melhor projeto político
para o Brasil levando em conta outras questões (aparentemente
esquecidas pelos lideres evangélicos presentes na mídia) tais como
distribuição de renda, justiça social, direitos humanos,
tratamento digno para os profissionais da educação, entre outros
temas. (Ver Mateus 25: 31-46) Estas questões até podem não
interessar aos líderes evangélicos e cristãos em geral que já
ascenderam à classe média alta, mas certamente tem toda a
relevância para nossos irmãos mais pobres.











Ozéas de Oliveira, o seu amigo de fé insiste: PARA QUE O MAL PREVALEÇA, BASTA QUE AS PESSOAS DE BEM PERMANEÇAM INERTES, CALADAS, ENGOLINDO O QUE TENTAM EMPURAR-LHE GARGANTA ABAIXO!"

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