24 outubro 2005

PSOL E O DÍZIMO? NÃO! ISSO NÃO!
http://oglobo.globo.com/online/pais/188896094.asp
Lydia Medeiros - O GloboBRASÍLIA - O mais novo partido brasileiro, o PSOL, não precisou nem disputar a primeira eleição para enfrentar uma denúncia de corrupção. A presidente do partido, senadora Heloísa Helena (AL), pediu ao Conselho de Ética a abertura de investigação sobre o senador Geraldo Mesquita (AC). Segundo reportagem do "Jornal do Brasil", ele recolheria 40% do salário dos funcionários de seu gabinete. A Executiva do PSOL também vai apurar o caso. - Esperamos que ele tenha o tributo da inocência. Se não, não pode ficar no PSOL - afirmou Heloísa Helena. Na tarde desta sexta-feira, 45 minutos depois de a senadora protocolar o pedido, Mesquita fez o mesmo e se ofereceu para prestar esclarecimentos ao Conselho. O senador já foi acusado de empregar parentes no gabinete. - Só se eu estivesse insano faria uma coisa dessas - reagiu o senador. - Nunca me apropriei pessoalmente de nada. Estou afirmando peremptoriamente que jamais existiu um movimento sistemático no sentido de cobrar nada de ninguém. Sou um cara sério e não faria isso jamais. Mesquita negou a cobrança sistemática de um dízimo dos funcionários, mas admitiu que existe uma "ajuda humanitária", segundo ele espontânea e esporádica, por parte dos servidores, para despesas que não podem ser cobertas com as verbas de representação do Senado. Deu como exemplo situações em que visita comunidades carentes no interior do Acre, ou festas como o Dia da Criança e o Natal. Segundo o senador, os funcionários se cotizam, compram presentes para crianças e distribuem. - É algo que pode ser encarado como o compromisso solidário da militância para resolver problemas que batem à nossa porta a todo momento - justificou Mesquita. - Não vejo irregularidade no fato de que pessoas que estão comigo num escritório político eventualmente me ajudem a fazer face a demandas que são enormes e bem maiores que nossas possibilidades reais. De acordo com a reportagem, conversas telefônicas entre a chefe do escritório do senador no município de Sena Madureira, a assistente parlamentar Maria das Dores Siqueira da Silva, conhecida como Dóris, e o ex-assistente parlamentar Paulo dos Santos Freire mostram queixas sobre a prática de recolher parte dos salários. Paulo trabalhou com o senador por um ano e foi demitido em janeiro. Na gravação, ele reclama de ter entregue mensalmente ao senador R$ 410 dos mil reais de salário que recebia e pede ajuda para reaver o dinheiro. Ela responde que ele sabia que isso ocorreria, porque aceitou um acordo ao entrar no escritório, e diz que teria de conversar com Mesquita para buscar uma solução. - Por que se dá crédito a um escroquezinho? É uma tentativa de extorsão, de chantagem clara. Foi instruido para provocar a outra imbecil (Dóris) que estabeleceu o diálogo com ele. Uma pessoa "bocarrota" (sic) que fala besteira e compromete as pessoas a troco de nada. Tinha respeito por ela, não tenho mais - protestou Mesquita, que horas depois disse ter conversado com Dóris e recebido um pedido de desculpas. O senador alega que é vítima de perseguição política no estado e que Paulo foi cooptado para fazer um trabalho sujo. Mesquita era do PSB e aliado do PT do Acre. - Rompi com o governo Lula e com o governo local (do PT do Acre) por entender que se desviaram de seus propósitos originais. Tentam me atingir de todas as formas. Tento me limitar ao debate político, mas eles extrapolam, vão além, vão no fígado. E usam fatos que não correspondem à realidade, de forma leviana. Sem esconder a chateação com o episódio, Heloísa Helena deixou claro que o partido tomará medidas duras caso os argumentos do senador não sejam convincentes: - O PSOL espera que ele prove a inocência, porque no PSOL não cabe a corrupção. Sabemos que as gangues do PT são capazes de roubar, matar e caluniar, mas os espaços para provar a inocência são o Conselho e a Executiva do partido.
Senadora, simpatizo com V. Exa. As eleições vêm ai.

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